Esta era uma imagem mágica da minha infância, do tempo em que não havia uma pastelaria em cada esquina. A voz amplificada pela corneta despoletava nos putos uma tentação irresistível, mães, avós, vizinha, não importava quem, alguém tinha que soltar a moedinha para comprar a língua da sogra. Ninguém sabia quando, nem donde saía aquele homem com a lata às costas e a corneta na boca, sabíamos apenas que a lata era a arca do tesouro.